segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Tem Arte Naïf com Val Margarida e Adriano Dias em Campina Grande (PB)

Quando menos esperamos somos surpreendidos pelo colorido das telas que expressam o autodidatismo e originalidade de seus artistas, que com linguagem própria, poesia, cor e criatividade, nos enchem os olhos de retratos do cotidiano e cores vibrantes. Estamos nos referindo à arte naïf (em francês pode significar ingênuo ou inocente), que vem conquistando mais adeptos pelo Brasil.

Campina Grande abrirá às portas da Galeria Irene Medeiros para dois artistas naif exporem cerca de 30 trabalhos inspirados na identidade negra, nos povos e culturas africanas. A temática surgiu com o planejamento de atividades em alusão ao Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, com o intuito de refletir sobre à constituição do povo brasileiro. A vernissage acontecerá dia 4 de dezembro a partir das 19:30 horas e todo os amantes das artes estão convidados a brindar com os artistas Val Margarida e Adriano Dias.


Val Margarida é natural de Bezerros (PE), mas mora em Campina Grande desde os anos de 1970. É professora da Universidade Estadual da Paraíba e começou a pintar em 2001. Somente em 2017 disponibilizou suas obras à apreciação do público e não parou mais! Em 2018, participou do Festival Internacional de Guarabira-FIAN, expôs na Feira de Arte de Goiás–FARGO e foi selecionada para participar do Encontro Nacional de Arte Naif do Centro-Oeste-ENANCO/2019. Apaixonada pela arte naif, a artista Val Margarida vem se destacando no Estado da Paraíba por sua originalidade e já nos presenteou com uma entrevista deliciosa, que pode ser conferida em http://namorodesofa.blogspot.com/p/blog-page.html

Adriano Dias, natural de Guarabira (PB), é referência no estilo naif. Gosta de reproduzir cenas do cotidiano nordestino e religioso, do imaginário infantil e dos festejos populares. Artista renomado já expôs em festivais como I Mostra Internacional de Arte Naif–BMC na Art Galerry em Barcelona, no 6º Mondial Art Festival Katowice na Polônia, na Mostra em Homenagem ao Cordel do Pavão Misterioso no SESC de Campina Grande entre outros.

Intitulada Da Cor do Brasil, a exposição poderá ser visitada até o dia 23 de dezembro de 2019, no Teatro Municipal Severino Cabral. A entrada é franca. 

Fica a dica!
Carol cavalcanti

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

'The Crown' estreia sua 3ª temporada na Netflix

Um boa notícia para os fãs da série The Crown, da Netflix, é que neste mês de novembro liberaram a sua terceira temporada aqui no Brasil. Após dois anos de especulação e até mesmo de terem afirmado que não teriam mais nada para dizer sobre a família real mais famosa do mundo, a temporada de 2019 chega com muitas novidades. Primeiro, um grande salto na linha do tempo e depois a  escolha da atriz para representar Elizabeth II nos seus 60 anos de vida. 
Olivia Colman, com sua voz estridente, assume o papel que fora da atriz Claire Foy (jovem Elizabeth). Colman recebeu neste ano o Oscar de Melhor Atriz, pelo filme A Favorita, onde representou a Rainha Ana da Grã-Bretanha. Caiu como uma luva para ela este novo trabalho. Também poderemos ver Helena Bonham Carter, no papel de sua irmã, a Princesa Margaret, e novas figuras representando aqueles que cercam à Casa de Windsor. Outra boa notícia é que a quarta temporada está prevista para estrear em 2020 e entre às histórias a serem contadas, está a de Lady Di.

A produção que já ganhou dois Globos de Ouro (melhor série de drama para a TV e melhor atriz - Foy) tem tudo para agradar os fãs de séries biográficas: boas atuações, figurinos, cenários, trilha sonora e especialmente, as intrigas reais. 

Ando sem tempo e dessa vez não vai ser "via maratona" que vou assistir à essa temporada. Mas, dos dois primeiros episódios posso dizer que mantêm o mesmo brilho, charme e glamour das duas primeiras temporadas (2016-2017)

Uma bela dica para quem logo logo vai entrar de férias e adora um belo sotaque inglês.

Fica a dica!
Carol Cavalcanti

terça-feira, 29 de outubro de 2019

(Psicologia . Processos Educativos) . (Escrita . Leitura) = Livro. (P . PE) . (E . L) = Cultura (C)

Foto: Carol Cavalcanti
Para nós, um dos maiores símbolos da cultura é o livro. E, talvez querendo imaginar que um livro produzido na academia possa não ser considerado muito "cultural", resolvemos desmistificar a questão e dizer: "Sim! Produção científica também é cultura!". 
Parte disso porque escrever um livro, concebê-lo, mesmo que fruto de produção acadêmica, tem por trás autores. Seres humanos sociais, políticos e culturais que dedicam parte da vida para compartilhar experiências de trabalho, ora penosas, de maneira prazerosa para seus leitores. Autores, escritores, são atores, são artistas.

Foto: Carol Cavalcanti
O livro intitulado Psicologia e Processos Educativos, organizado pela professora Ana Cristina Loureiro, do Departamento de Psicologia da Universidade Estadual da Paraíba, oferece uma série de artigos com o objetivo de repensar "educação e psicologia", bem como as formas como os processos educativos que sugerem tal interface são inseridos no cotidiano do graduado em Psicologia, em questões como sexualidade, projeto pedagógico do curso, atividades de extensão, legislação ou simplesmente que envolvam a cidadania no Brasil. 


Foto: Carol Cavalcanti

Na manhã de hoje (29/10) foi realizado seu lançamento, para alunos e professores do curso, nas dependências do departamento. O evento contou com apresentação de standup e uma conversa descontraída com os autores e a organizadora dialogando sobre a nova conjuntura política que afasta (ou melhor, retira) a Psicologia de debates essenciais e por que não dizer, existenciais, como toxicomania e sexualidade.

Foto: Carol Cavalcanti
O livro é resultado de pesquisas já concluídas, em andamento e também de simples reflexões cotidianas que poderão interessar não somente alunos, mas também professores, psicólogos, pedagogos e estudiosos nas respectivas  áreas.

Os oito artigos escritos por professores do departamento e membros do Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Educação (UEPB/CNPq) foi editado pela Libertas Editora (Recife/PE) e está sendo vendido pelos autores, no departamento, pelo preço simbólico de R$ 25,00. 

Fica a sugestão. Fica a dica!
Carol Cavalcanti

terça-feira, 15 de outubro de 2019

O que as novas séries da Netflix tem a nos ensinar?

Algumas estreias de séries na Netflix chamam à atenção, não somente pela diversidade de temas, mas também pela profundidade de suas discussões e atualidade dos fatos.

A primeira série que gostaria de comentar é O Código Bill Gates. São três episódios, apenas, que tratam do lado filantropo do multimilionário, ex-presidente da Microsoft. Confesso que não conhecia nada sobre suas ações humanitárias, bem como sobre os projetos da Fundação Bill e Melinda Gates. Ao terminarmos à série, onde podemos ver um nerd extremamente metódico, focado e decidido buscando resolver causas para nós impossíveis, sentimos que falta algo dentro de nós. Nos falta humanidade e preocupação com às coisas mais simples do mundo, como um vaso sanitário e saneamento para todos. Claro, claro! Eles têm dinheiro de sobra e nós não. Mas, preferi não contemplar por esse lado. Uma diversão, um aprendizado.


Outra série interessante, O Desaparecimento de Madeleine McCann, revela como foram às investigações do caso de desaparecimento de Madeleine, que de férias no Algarve, em Portugal, desaparece de seu quarto enquanto seus pais divertem-se no bar do hotel. Ambos os lados são expostos de forma minuciosa, naquele estilo investigativo que só americanos ou ingleses sabem fazer. O papel e os erros da polícia potuguesa que culpa os pais mesmo sem um corpo e o lado dos McCanns, que descobrem por conta própria uma rede de pedofilia internacional e acreditam que sua filha foi sequestrada. São oito epsódios que vão deixando dúvida em quem assiste, ora cremos na culpa dos pais ora na conspiração e sequestro. Lá se vão 12 anos de mistério. Vale a pena assistir, mesmo depois de ficar claro a posição tomada pela direção/roteirização dessa série documental. Ao final, a primeira coisa que pensei foi em ligar para as minhas irmãs que têm filhos pequenos. Aprendemos muitas coisas com essa produção, como o escandaloso caso de pedofilia (Casa Pia) em Portugal envolvendo políticos e a organização dessa máfia que sequestra crianças, de ambos os sexos,  para algo tão asqueroso.


The Family: a democracia ameaçada, curiosamente neste momento que os EUA vivem uma crise constitucional, com um pedido de impeachment contra o Presidente Donald Trump, revela uma grande organização norte-americana com ramificações por todo o mundo, que em nome de Jesus Cristo, reúne as grandes mentes (brancas, masculinas e podres de rica) para guiar às políticas locais e globais. Só que não!

Baseado em dois livros lançados por Jeff Sharlet, que ainda jovem é convidado a viver em uma comunidade que escolhe a dedo seus membros e que é composta só por homens (H) que estão sendo moldados para serem o "futuro" do mundo, descortina, segundo o autor, a verdadeira intenção dos líderes da "organização". A narrativa é bem interessante e mostra a influência que o grupo tem no cenário político norte-americano. Sem deixar passar nenhum presidente (dos Bushs, Clinton, Obama e Trump, só para falar dos mais recentes em nossa mente), A Família lembra muito, em sua estrutrutura, com organizações como a Klu Klux Klan ou mesmo a Opus Dei.  Muito instrutivo.

Bom, após falar sobre as três séries de forma breve, vou expor o ponto de vista que EU escolhi. O das mulheres. Na primeira série temos uma mulher ao lado de um homem, que ao final agradece sua positiva existência no mundo a ela, à Melinda Gates. Uma mulher forte. Na segunda, temos duas mulheres. Madeleine desaparecida e sua mãe, Kate, agredida e execrada pela mídia e por parte da população mundial que a declarou culpada pela morte ou sumiço da pequena criança, pois que mãe deixaria seus filhos sozinhos para tomar umas biritas com amigos? Por fim, a ausência completa das mulheres na não-organização A Família. Ou melhor, além da ausência e da não importância, à submissão das mesmas, que se reflete na sociedade de todo o mundo, como podemos notar em falas e ações retrógradas e na perda de direitos conquistados com muita luta que vem sendo apoiada inclusive por algumas....mulheres!!!

Por fim, lembram de "Brasil acima de tudo. Deus acima de todos"? Depois de assistir aos cinco episódios da série The Family fica fácil entender porque o mundo está tão conservador, com o domínio dos cargos públicos por homens que seguem Jesus Cristo em primeiro lugar (essa é uma desculpa deles, ok!) enquanto Hasselmanns servem a esses homens de forma repulsiva. Todas essas questões que acontecem aqui no Brasil são facilmente identificadas e podem ser correlacionadas com à série. E vice-versa.

É claramente evidente que são tempos mesmo de trevas! Parece impossível reagir. Prestem atenção ao caso da Romênia tratado na série A Família (vale a pena lutar por seus direitos!) e façam a relação que é possível sobre a recente não entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE. Mas, para fazer isso, é preciso colocar Jesus Cristo no seu lugar de destaque...longe do Estado.

Boa leitura, boa diversão e mais do que tudo, bom aprendizado!

Carol Cavalcanti

domingo, 15 de setembro de 2019

Chernoyl, da HBO: uma série para ser assistida

Recentemente assisti à série Chernobyl, da HBO. Fiquei receosa, inicialmente, por se tratar de uma coprodução anglo americana, que talvez visasse "falar mal" da antiga União Soviética. Mas, rapidamente fui gostando da fidedignidade artística na composição das imagens, dos personagem e da caracterização do figurino e do cenário. Só por isso já vale muito assistir aos cinco episódios da primeira temporada, que não precisa nem ter continuidade, pois encerrada do jeito que foi, está de bom tamanho. Uma segunda temporada, talvez, perca seu viés histórico, abrindo para a criação de novos roteiros provocativos e melodramáticos. 

Sobre o enredo:
A série tem dois eixos distintos, sendo um deles, o resgate da população e a eliminação de todos os animais e outro que reconstitui à tragédia tendo como linha de tempo 12 horas antecedentes à explosão do reator, até o julgamento dos "culpados" pela tragédia.





Não darei nenhum spoiler porque acho que a produção que recentemente foi indicada a 19 prêmios Emmy (premiação para produções realizadas para à TV) deve ser assistida. Os guerreiros da vida real são os mineiros que ajudaram a estabilizar o local, os jovens que foram recrutados pelo exército para eliminar tudo que continha radioatividade e os mais de três mil homens que comprometeram sua saúde para isolar o reator. Para "servir à URSS" homens e mulheres se sacrificaram. 



Há na série, a personagem fictícia da física Ulana Khomyuk criada pela produção para representar os cientistas que dedicaram seus estudos para descobrir às causas e erros cometidos, solucionar e amenizar às consequências da radiação.




Ao final, imagens de arquivo são utilizados pelo diretor Johan Renck. Ficamos estarrecidos com o poder de destruição causado pela explosão do reator 4, em abril de 1986. Algumas imagens de arquivo comprovam o quanto os russos lutaram para que a catástrofe não fosse maior, mesmo tendo cometido uma série de erros, que até hoje trazem consequências à saúde de milhões de pessoas. Não sabemos ao certo quantas pessoas morreram direta e indiretamente com a catástrofe de Chernobyl e quantas ainda apresentam em seu DNA contaminação. O que sabemos é que a região continua isolada, com áreas vigiadas e com entrada proibida. Mesmo assim, alguns moradores vivem em cidades fantasmas dentro do raio estabelecido de 200 km da desocupação total.

Lá se vão 33 anos, centenas, provavelmente milhares de  mortos e doentes. Para Chernobyl, em 2019, restou o turismo catástrofe de visitantes que se arriscam para estar mais perto da morte - só pode - ou que não tem nada de interessante para fazer - eu acho.

Não deixem de assistir.
Fica a dica!

Carol Cavalcanti.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

O cinema nacional nas nuvens: entre festivais e o sucesso de crítica internacional

O ano de 2019 tem uma safra interessante de filmes. "Pacarrete" acaba de ser o grande vencedor do 47º Festival de Cinema de Gramado, recebendo oito kikitos (melhor filme, direção, atriz, roteiro, atriz coadjuvante, ator coadjuvante, desenho de som e filme pelo júri popular). "Bacurau", com a atriz Sônia Braga, vem agradando em festivais internacionais e já recebeu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, no qual também foi indicado à Palma de Ouro (sua maior premiação) e o de Melhor Filme nos festivais de Munique e Lima. E o não menos interessante, "A Vida Invisível", do diretor Karim Aïnouz, vencedor do Prêmio Um Certo Olhar, também no Festival de Cannes, acaba de ser escolhido para representar o Brasil na lista de indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.


O enredo escolhido para representar o Oscar conta a história de duas irmãs separadas nos anos de 1950 e que tentam sobreviver à sociedade machista e paternalista da época. Fernanda Montenegro faz uma participação especial e já antecipando, creio que o filme venceu por causa da sua representatividade no cinema internacional. Não esqueçamos que F.M. foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz por "Central do Brasil" em 1999. Mas, isso não quer dizer que o filme não mereça estar onde está. 

"Bacurau", produção que corria por fora pela indicação, também tem uma atriz
muito conhecida internacionalmente, Sônia Braga, natural de Maringá - PR (isso eu não sabia!) e naturalizada estadunidense (novidade para mim!). A atriz fez alguns filmes pela terra do Tio Sam, assim como participou de seriados de TV por lá (Sex and the City, CSI: Miami, Law & Order) e aos 36 anos apresentou o Oscar junto com o ator Michael Douglas. O filme perdeu por dois votos.
Bom...seu enredo é ambientado no meio do sertão nordestino e conta a história de uma comunidade que descobre que está desaparecendo do mapa. Um "faroeste caboclo", típico da produção nacional.


"Pacarrete" conta a história de uma senhora moradora de Russas, pequena cidade do Ceará, que tem como sonho apresentar uma peça de balé no meio da maior festa da cidade. Trocar o balé pelo forró, imaginem só! O filme é baseado na história de uma pessoa real que viveu 92 anos no interior cearense e era conhecida como uma mulher excêntrica que se vestia diferente e sonhava com o ensino de dança na cidade. Muitas a viam como uma moradora de rua que não dizia nada com nada, uma deslocada na cidade. Seu "nome" tem origem na palavra francesa "pâquerette" (margarida), mas na vida real era associado à loucura. Na cidade a expressão "deixa de ser pacarrete" descrevia uma pessoa que fazia loucuras, que aprontava, que era diferente.

Temos aqui, três grandes produções nacionais (o filme com Sônia Braga é co-produzido pela França). Com certeza excelentes filmes, excelentes roteiros e atuações. Mas, será que teremos, todos, acesso às obras? Em todo o Brasil? Vários motivos podem ser destacados sobre a questão, mas em especial o fato de que para concorrer ao Oscar, um dos critérios é o filme ter sido visto por um público considerável. "A Vida Invisível", que está no páreo, tem previsão de lançamento para 31 de outubro de 2019. A conta não fecha, pois dificilmente temos boas bilheterias para filmes nacionais que são independentes das emissoras de TV e muito menos salas disponíveis ao cinema de qualidade. A premiação do Oscar está marcada para 9 de fevereiro de 2020 e normalmente um mês antes os indicados são divulgados. Ou seja, serão apenas dois meses nos cinemas (!!!). Bem, mas como digo pelas redes sociais da vida "o Oscar não deve ser parâmetro de premiação", pois além de ser muito comercial, privilegia suas produções. 

- Sim, sim, eu sei. Isso vem mudando nos últimos anos. 

Vale destacar que nenhum dos filmes estreou nacionalmente. "Bacurau" tem previsão de estreia nacional amanhã. Será que vai passar aqui em Campina Grande??? "Pacarrete" não tem previsão de lançamento no Brasil, mas já foi lançado em alguns festivais internacionais. Mas, neste, temos mais fé, já que a atriz vencedora do kikito de melhor atriz, Marcelia Cartaxo, é "cajazeirense da gema" e adorada pelos paraibanos por sua versatilidade. Quem não lembra da atriz em 1985, com a sua Macabéa em "A Hora da Estrela" ou em "Madame Satã", de 2002. Sensacional!

Em nome de Namorinho de Sofá, desejamos que todos os filmes possam ter a oportunidade de serem vistos em todos os cinemas, inclusive nos de Campina Grande. "Pela sua atenção, obrigada!".

Carol Cavalcanti



terça-feira, 2 de julho de 2019

Caminhos do Frio (2019) homenageia Jackson do Pandeiro

A Rota Cultural Caminhos do Frio, versão 2019, começa este ano pela cidade de Areia (PB), no Brejo Paraibano. Entre os dias 1º a 7 de julho, a cidade que desde 2006 tem seu conjunto histórico e urbanístico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural (IPHAN), receberá shows musicais, teatrais e literários por suas ruas de paralelepípedos. O frio está garantido pela meteorologia, que ainda garante sensações térmicas ainda mais baixas. As apresentações nas ruas também são um marco do festival, que no dia 8 estará na cidade de Pilões (de 8 a 14 de julho).

De 15 a 21 de julho as atrações podem ser conferidas em Matinhas, de 22 a 28 de julho seguem para Solânea, de 29 a 4 de agosto vão para Serraria, de 5 a 11 de agosto para Bananeira, de 12 a 18 de agosto estarão em Remígio e de 19 a 25 de agosto em Alagoa Nova. O encerramento será na cidade de Alagoa Grande, entre os dias 26 de agosto e 1º de setembro.

Dos nomes mais conhecidos já confirmados pela 'Rota Cultural' está o de Alcymar Monteiro (13/07), Três do Nordeste (20/07), Orquestra Filarmônica Jovem da UFPB (10/08), Baixinho do Pandeiro (12/08), Geraldo Azevedo (13/08 - A Confirmar) e Cabruêra e Os Fulanos (22/08). As apresentações teatrais, leituras de cordéis, danças e teatro na rua, festival gastronômico, trilhas de caminhadas ecológicas, são algumas das atrações que poderão ser vivenciadas no festival de inverno mais charmoso da Paraíba, que está em sua 14ª edição e irá homenagear Jackson do Pandeiro e seu centenário.

Matérias:



E que venha o frio!

Namorinho de Sofá

domingo, 14 de abril de 2019

'Coisa mais Linda': por qual ótica devemos enxergar?

Se você não assisitiu ainda ao seriado 'Coisa Mais Linda', da Netflix, corra. Assista independente de qualquer coisa que seja dita aqui. Lembre-se sempre que gosto cinematográfico (ou nesse caso, de séries), cada um tem o seu.

Resumo: são 7 capítulos ambientados no Rio de Janeiro, tendo, incialmente, Maria Luiza (uma "caipira" de São Paulo) como protagonista. A filha de um rico fazendeiro tem o sonho de viver de música na Cidade Maravilhosa. E, ao ir em busca de seu marido, se depara com uma realidade totalmente inesperada, além de condições para sobreviver diferentes das que tinha ou esperava. Isso tudo e todos os demais dramas são conduzidos por uma bela trilha sonora de muita MPB e Jazz. 

Mara Luiza encontra mais três mulheres - Adélia, Tereza e Lígia - que estão em momentos de vida distintos, mas que vão mudar sua vida, mas também trarão consigo uma série de conflitos: a discriminação com o negro, o machismo, a homossexualidade, a violência contra a mulher e o descaso com que as mesmas são tratadas pela sociedade. Inclusive por ourtas mulheres, satisfeitas com seu papel de mulher e mãe submissas. 

Esse é o viés do seriado. Ele é atualmente político. Eu digo "atualmente" porque essas coisas acontecem desde que o mundo é mundo e que Cabral redescobriu o Brasil, só que hoje estão mais em voga, na boca o povo, nas redes sociais, no noticiário. Então seus diretores (são vários) aproveitam para tocar na feriada com força e talvez, vejam bem, talvez, nem todo mundo goste de ver por esse prisma do "politicamente correto". Mas, é uma ferida que não deve ser estancada e sim, discutida.

A mulher é vista no seriado como objeto incapaz de ter seu próprio negócio e ser desquitada é coisa de puta. Mudou alguma coisa? Claro que a sociedade evoluiu, não estou dizendo ao contrário. Hoje ser mãe solteira não é mais um bicho de sete cabeças, mas a violência física e emocial que as mulheres sofrem em pleno século 21 tem retornado e de formas que não imaginávamos mais presenciar. Por isso dói tanto ver mulheres serem violentadas e agredidas no seriado. Porque ainda acontece e porque ainda nos machuca MUITO.

Sobre o ser negro, NOSSA (!), como somos preconceituosos. O seriado retrata uma época em que existiam (quando funcionavam) elevadores sociais e para empregados. E nada de querer usar o dos patrões. Os tempos mudaram. Ou não. Recentemente nas redes sociais viralizou um vídeo de um senhor negro que ajudou (ou serviu?) uma mulher branca atravessar um enxurrada de água no mesmo Rio de Janeiro, que trouxe à tona novamente tal discussão. O lugar do negro na sociedade brasileira.  

Sobre estar casada ou querer viver seus sonhos, o seriado mostra a mulher no mundo do trabalho marginalizada, vista como um pedaço de carne a ser consumido pelo mundo masculino. E se não aceitasse...



São essas e muitas outras questões que este primeiro ano da série retrata. O lugar da mulher brasileira no século XX. Para refletirmos. Enquanto série, não posso deixar de louvar a qualidade da mesma em todos os aspectos. Bela fotografia, uma cuidadosa direção de artes, cenários e de figurinos. Grandes atuações. Um roteiro que às vezes parece ridículo, mas que na verdade representa aquilo que muitas de nossas mães e avós viveram e sofreram, e que podem parecer ridículas, mas são na verdade, retrato de uma realidade passada quem vem retornando, em tempos difícies para todos. Mas, sempre, mais difícies para nós mulheres.

Fica a dica!
Carol Cavalcanti

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Musical 'Queen Experience in Concert'. Vale (muito) o valor do ingresso.


Nesse final de semana (06/04) o Teatro da Facisa oportunizou aos cidadãos de Campina Grande (PB) uma experiência memorável, que reviveu os belos anos de existência do grupo inglês Queen (formação original, com o cantor Freddie Mercury). O musical Queen Experience In Concertprodução brasileira, mescla três estilos musicais, ao valer-se de parte de uma orquestra sinfônica, de integrantes de uma banda de rock e da mixagem de som (arranjos eletrônicos), para relembrar os grandes sucessos da banda. É de arrepiar!



A regência do espetáculo fica a cargo do maestro Eduardo Pereira, que já participou, dentre outros, dos espetáculos ‘Chaplin, o Musical’, ‘Bravo Pavarotti’, ‘A Bela e a Fera’ e ‘A Bela Adormecida’.  O espetáculo que dura mais ou menos uma hora e meia, tem como protagonista o cantor André Abreu, que utiliza-se perfeitamente da potencialidade e energia de seu corpo para interpretar os movimentos característicos do Freddie Mercury que conhecemos. Para quem conhecia a banda, foram momentos de pura nostalgia aplaudida de pé pela plateia que lotou a casa da Facisa.


São cerca de 30 pessoas participando da produção que tem agenda fechada para todo o mês de abril . Vale destacar, com muita ênfase, que o espetáculo não recebe nenhum tipo de incentivo fiscal, mas vive de casa lotada, inclusive fora do Brasil.

Namorinho de Sofá indica essa produção como uma das mais reveladoras e corajosas dos últimos tempos em palcos nacionais. Se passar por sua cidade, não deixe de conferir.

Para os interessados em contratar o espetáculo seguem as informações:

Facebook: https://www.facebook.com/queenexperienceinconcert/
Contato: (11) 99354-3131

Boa música, excelentes direção, caracterização e regência. Muita emoção para os fãs que tem pelos menos 40 anos. Sim, e para os mais novos que gostam de boa música.

Fica a dica!
Carol Cavalcanti
Fotos e vídeos de Marlem Moreira




quinta-feira, 4 de abril de 2019

A vida imita a arte. Ou seria ao contrário?

Homenagem feita aos alunos de Suzano (SP), no muro da Escola Raul Brasil.
Fonte: Google.
No último dia 13 de março, a Escola Estadual Raul Brasil, na cidade de Suzano (SP), foi atacada por dois ex-alunos com tiros de metralhadora, ataques com machados e tentativas de tiros com arco e flecha. A invasão e a morte de sete alunos deixou a comunidade local aterrorizada e todo o mundo chocado. Esse tipo de ato violento não é muito comum por terras brasileiras. A única chacina de que temos conhecimento aconteceu em 2011, no bairro de Realengo, no município do Rio de Janeiro (RJ), quando também um ex-aluno invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira e matou ao todo 12 pessoas, cometendo suicídio na sequência.

Este post vai relembrar alguns filmes que retrataram acontecimentos semelhantes, em escolas ou outros espaços comuns, que contavam com a presença de inocentes que acabaram sendo mortos.

O mais famoso é filme do diretor Gus Van Sant, Elefante (2003) que retrata algo semelhante ao ocorrido nas escolas mencionadas acima. O filme conta a história de dois adolescentes que aguardam a chegada de metralhadoras semiautomáticas para cometerem o atentado em uma escola. 




O filme, à época, chocou o público pela coragem de tratar de tema tão delicado. Pela ousadia e ao mesmo tempo pela delicadeza, o diretor ganhou três prêmios no Festival de Cinema de Cannes, um deles a Palma de Ouro. Para mim um roteiro arrebatador, com uma direção firme e belas atuações.

Outro filme lançado um ano antes (2002), recria a tragédia mais famosa ocorrida dentro de uma escola norte americana, o massacre na escola Columbine. O filme Zero Day, dirigido por Ben Coccio, também multi premiado, choca pelo uso da linguagem em relato dos autores do crime, ao descrever as motivações e as sensações envolvidas na decisão de atentar contra a vida de centenas de alunos. As aparições são muitas vezes sarcásticas e chocam pela crueldade no uso das palavras.






Outro filme que tem como base os acontecimentos de Columbine é April Shower (2009), que narra a partir de uma sobrevivente, o retorno à escola e a tentativa de se levar uma vida normal após a morte de vários alunos. Esse drama é o menos famoso das três obras e tem uma pegada mais sentimental que o normal, de drama mesmo.

Na pesquisa sobre filmes com a temática ainda encontrei Manhã Sangrenta (2002), Duck! The Carbine High Massacre (1999), Tarde Demais (2010), Bang, Bang! Você Morreu! (2002) e Sem Medo de Morrer (2007).


Filmes para reflexão sobre maus tratos na escola, ausência familiar na criação dos filhos e bullying. Muita coisa pode explicar, mas nunca justificar.

Fica a dica!
Carol Cavalcanti


quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

A arte para nos salvar

Só a arte salva!
Então, vamos lá tentar começar o ano com algumas boas notícias sobre cultura. Por onde começar? A lista do Oscar? A exposição da Björk? Os 35 anos do lançamento da Apple Macintosh e seu vídeo de divulgação baseado no livro '1984' de George Orwell? Teremos sim, uma salada cultural neste primeiro post de 'Namorinho de Sofá' em 2019.


Google Imagens
Hoje, 24 de janeiro de 2019, faz 35 anos que a Apple lançou esse computador ai ao lado. Pode parecer uma "carroça" tecnológica para a maioria das pessoas, mas esta máquina foi a primeira a disponibilizar as funcionalidades simples para o uso do computador dos dias atuais. Por exemplo, para imprimirmos um documento basta buscarmos a imagem da impressora em nossa Área de Trabalho ou digitarmos Ctrl+P. Certo? Antigamente, nada disso era simples e os computadores só eram manuseados por experts e seus códigos incompreensíveis. Mas, o que nos interessa mesmo é o comercial de lançamento da Apple.

Para quem não conhece, é curto, mas objetivo e muito atual, seja para o ano de 1984 ou para 2019.


O comercial considerado caro para à época foi dirigido por nada mais nada menos que Ridlley Scott, diretor de filmes futuristas como Balde Runner (1982). Cem por cento baseado na obra de Orwell, não vemos a máquina em nenhum momento, mas somos levados a acreditar que algo irá transformar nossas vidas. Em determinado momento, o 'Grande Irmão' (para mim, parece o Foucault mais velho falando falando e falando) conduz o discurso afirmando ser essa a arma mais poderosa do que qualquer outra existente na face da Terra que transformará nossas vidas. O vídeo termina afirmando: "e você verá porque 1984 não será como '1984'?". 

Muitos dizem que o lançamento marca no tempo, o que conhecemos no mundo acadêmico como o início da Terceira Revolução Tecnológica, especialmente devido a questão técnica. Mas, o que dizer sobre nós usuários? O que nos tornamos após esse momento? Digo isso porque após esse lançamento, muito se revolucionou no mundo tecnológico, a ponto dos computadores e outros acessórios e ferramentas tornarem-se de acesso a toda à população a custos mais baixos. Como nos tornamos dependentes desse universo? É só retornarmos ao vídeo e observarmos as pessoas atentas à mensagem. Estáticas, vidradas, em coma. Não somos assim hoje com as redes sociais, por exemplo? Acreditamos em tudo, falamos o que nos é de desejo? Bom. Deixo aqui a reflexão e reafirmo a atualidade do vídeo e por que não, de Sir George Orwell. Já o comercial em si, uma verdadeira obra de arte revolucionária para um longínquo 1984.

Google Imagens
Mudando totalmente à prosa, vamos para a exposição "Björk Digital" que estreará no Brasil em junho, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo. A Björk, para quem não sabe é uma cantora e compositora islandesa, multi premiada e com um som que não é para qualquer gosto. É do tipo "ama ou odeia". Eu sou do tipo AMO! Nessa nova empreitada, a exposição usa realidade virtual em 360º para apresentar as músicas do seu oitavo álbum, Vulnicura. 



A exposição já esteve nas mais variadas capitais culturais do mundo, como Lisboa, Nova Iorque e Barcelona. Para os amantes da artista, um som para rememorar o belíssimo filme estrelado por ela, Dançando no Escuro (2000). Quem canta é a própria Björk.


Para terminar, destaco aqui os maiores concorrentes ao Oscar no ano de 2019. Com 10 indicações temos duas produções bem distintas. Uma, é o filme Roma (2018) do diretor mexicano Alfonso Cuarón, primeiro filme de uma plataforma streaming a ser indicado e forte candidato em algumas categorias. O filme conta a história de uma doméstica de origem indígena, na cidade do México, que trabalha para uma família de classe média. Todas as relações de opressão e amor são destacadas pelo diretor, que homenageia a sua própria funcionária, que cuidou dele desde os nove meses de vida. Para mim, uma pérola cinematográfica que golpeia nosso estômago a todo momento (o filme machuca muito os sensíveis). Filmado em preto e branco, o filme também não é falado em inglês, o que o torna único enquanto concorrente ao Oscar. Não sei se vai levar nas categorias principais, o que para mim seria uma injustiça, mas suas, por enquanto 142 indicações a prêmios em inúmeros festivais e seus até o momento 132 prêmios, já dizem muito deste filme.

O segundo concorrente é o filme A Favorita (2018), um drama que estreia hoje no Brasil e conta a história de duas mulheres que lutam para serem escolhidas, pela rainha Anne da Inglaterra, como a principal acompanhante da mesma. É um filme de época com grandes atuações dirigidas pelo grego Yorgos Lanthimos (diretor do filme A Lagosta, que eu não vi, mas sei que tem na Netflix e vou assistir para conhecê-lo)

Como não posso falar muito do filme, apesar de ter certeza que em categorias técnicas o mesmo pode se dar bem (como Figurino e Maquiagem, p. ex.), convido-os para juntos assistirmos aos trailer oficial e legendado da obra.



- Em Campina Grande também vai passar? 
- Não, provavelmente não. Aqui só filmes comerciais, infanto juvenis e dublados.
- Hum...
(Volto para me desculpar se a rede Cinesercla fizer esse favorzinho para nós)

"Temos a arte para não morrer da verdade", nos disse sabiamente Nietzsche. Então, não abandonemos a arte em nossas vidas.


Fica a dica!
Carol Cavalcanti