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quarta-feira, 2 de março de 2022

Ramos e outras estranhezas

Um ano e quatro meses. Quatrocentos e oitenta e oito dias. Foi no dia 30 de outubro de 2020, já em meio a pandemia que escrevi pela última vez aqui em Namorinho de Sofá. Não fiquem chateados, me perdoem, mas o isolamento fez e faz dessas coisas com as pessoas: prometemos escrever mais, olhar para dentro de nós mesmos, cultivar melhor as amizades, ler todos os livros e assistir todos os filmes atrasados, mas na verdade às vezes jogamos tudo para o alto. Foi o que fiz aqui com meu espaço de escrita sobre cultura e arte. Me desculpem mais uma vez, pois não garanto que voltarei amanhã ou semana que vem e talvez sintamos saudades um do outro.

Falarei sobre um livro hoje, Ramos e outras estranhezas, de Rosalie Gallo y Sanches, uma professora de Teoria da Literatura de Pindorama, São Paulo. É um livro de contos com uma capa linda, só para começar, e páginas pretas que separam e dão nome ao próximo conto. Moderno e elegante.


O livro de 2020 conta com 19 contos. Além da leveza da escrita e também dos enredos, os textos parecem autobiográficos. Os contos são assim, são reflexos do nosso dia a dia, dos nossos amores ou perdas, da nossa família e das nossas "estranhezas" como reforça o título da obra. 

Ele estava na pilha de livros adquiridos durante a reclusão dos últimos dois anos, já com uma capinha básica de teia de aranha até que resolvi levá-lo para o Carnaval. Não li sentada na cadeira de praia, mas li entre os sóis dos dias de folia. Na verdade só não devorei rapidamente porque quis apreciar com mais calma. 

Terminei hoje cedo. E confesso que queria ler mais, mais histórias sérias, divertidas, roteirizadas, apaixonadas e que nos fazem ser aquelas personagens conto a conto. É um leitura de memórias, penso eu. Que nos remete a nossa juventude de namoros no cinema, por exemplo, ou de almoços na casa dos avós.

Essa é minha dica de leitura de retorno, de gênero literário e formato de escrita gostoso de ler. Nossa vida é um conto diário e o livro da escritora Rosalie também é um ensinamento ao escritor, que precisa estar sempre se exercitando. 

Fica à dica!

Carol Cavalcanti


Ramos e Outras Estranhezas

Editora Mentes Abertas, 2020 

https://mentesabertas.minhalojanouol.com.br/ 

terça-feira, 29 de outubro de 2019

(Psicologia . Processos Educativos) . (Escrita . Leitura) = Livro. (P . PE) . (E . L) = Cultura (C)

Foto: Carol Cavalcanti
Para nós, um dos maiores símbolos da cultura é o livro. E, talvez querendo imaginar que um livro produzido na academia possa não ser considerado muito "cultural", resolvemos desmistificar a questão e dizer: "Sim! Produção científica também é cultura!". 
Parte disso porque escrever um livro, concebê-lo, mesmo que fruto de produção acadêmica, tem por trás autores. Seres humanos sociais, políticos e culturais que dedicam parte da vida para compartilhar experiências de trabalho, ora penosas, de maneira prazerosa para seus leitores. Autores, escritores, são atores, são artistas.

Foto: Carol Cavalcanti
O livro intitulado Psicologia e Processos Educativos, organizado pela professora Ana Cristina Loureiro, do Departamento de Psicologia da Universidade Estadual da Paraíba, oferece uma série de artigos com o objetivo de repensar "educação e psicologia", bem como as formas como os processos educativos que sugerem tal interface são inseridos no cotidiano do graduado em Psicologia, em questões como sexualidade, projeto pedagógico do curso, atividades de extensão, legislação ou simplesmente que envolvam a cidadania no Brasil. 


Foto: Carol Cavalcanti

Na manhã de hoje (29/10) foi realizado seu lançamento, para alunos e professores do curso, nas dependências do departamento. O evento contou com apresentação de standup e uma conversa descontraída com os autores e a organizadora dialogando sobre a nova conjuntura política que afasta (ou melhor, retira) a Psicologia de debates essenciais e por que não dizer, existenciais, como toxicomania e sexualidade.

Foto: Carol Cavalcanti
O livro é resultado de pesquisas já concluídas, em andamento e também de simples reflexões cotidianas que poderão interessar não somente alunos, mas também professores, psicólogos, pedagogos e estudiosos nas respectivas  áreas.

Os oito artigos escritos por professores do departamento e membros do Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Educação (UEPB/CNPq) foi editado pela Libertas Editora (Recife/PE) e está sendo vendido pelos autores, no departamento, pelo preço simbólico de R$ 25,00. 

Fica a sugestão. Fica a dica!
Carol Cavalcanti

sábado, 27 de janeiro de 2018

'Shalom Akhshave' e o beijo que recebestes de Judas

Já no fim de minhas férias, consigo terminar o segundo, dos quatro livros, que minha mãe deixou aqui. Um deles, A Caderneta Vermelhajá foi comentado no blog. O segundo é o livro de Amós Oz, Judas (Companhia das Letras, 2014). É dele que vamos falar um pouco. Tentar "vender a sardinha", quem sabe novos leitores para o caríssimo Oz.

A capa do livro é essa ai ao lado. A obra é The Kiss (1907) de Constantin Brancusi. Fui pesquisar, porque não sabemos de tudo, e descobri que Brancusi foi um famoso escultor romeno que morreu em 1957, e a obra O Beijo, foi sua estreia no mundo das artes. Mas, deixemos de lado, por enquanto, tais questões.

Amós Oz, nascido em 1939, é considerado atualmente o mais famoso intelectual israelense. Um pacificador em seus livros e escritos, sempre em busca da união entre judeus e palestinos, é um dos fundadores do movimento Shalom Akhshav, ou Paz Agora, que entre outras questões discute e luta por uma convivência mútua entre tais povos. 

O enredo do livro, não totalmente ficcional, narra a história de três personagens que convivem durante 4 meses em uma casa, na cidade de Jerusalém, durante o inverno. Shmuel Asch é um estudante universitário falido e desiludido, que resolve aceitar um emprego na casa de Atalaia Abravanel e Guershon Wald. Shmuel está trabalhando em sua pesquisa sobre "Jesus na visão dos judeus", com especial destaque para Judas Iscariotes, e vislumbra a possibilidade de desenvolver sua tese na suposta tranquilidade e facilidade do emprego oferecido por Atalaia, em um panfleto, nos muros da universidade. Outra pergunta que Shmuel tenta responder é a de como os judeus enxergam Judas, já que este é considerado culpado por entregar Jesus à morte; especialmente pela cultura ocidental atual. O que para muitos é a causa da estigmatização do povo judeu - Judas, um judeu, ter entregue Jesus à cruz - e a desculpa para os muitos conflitos armados naquela região poderá ser a chave, para Shmuel, à sua pergunta: como os judeus enxergam Jesus?

Atalaia é um mulher misteriosa e interessante que chama à atenção de qualquer homem, imagine a de um jovem desiludido e falido (em outros sentidos, mas terão que ler o livro para descobrir). Guershon é um velho suspenso sobre muletas que passa o dia em um aposento lendo, escrevendo e discutindo com desconhecidos ao telefone. O emprego diz que Shmuel deve permanecer algumas horas com o velho servindo-lhe de interlocutor em seus debates, alimentado-o, abrindo e fechando as persianas de acordo com a necessidade, ou não, da entrada de luz, sem esquecer de alimentar o peixe no aquário, sempre nos mesmos horários. 

São 51 capítulos e um glossário ao final. Não se assustem porque são 51 breves capítulos descritivo-narrativos do dia a dia dessa convivência, onde o final de um está diretamente, ou indiretamente, ligado à próxima discussão oferecida pelos personagens; o que às vezes não nos permite um pausa de tão  ofegante que ficamos por novos detalhes. 

O que mais me encantou no livro, um aprendizado para mim, é a forma como Oz se vale das repetições minuciosamente detalhadas, mas distintas, entre um capítulo e outro, e até entre um parágrafo e outro. Ao final do livro você consegue precisamente descrever todos os personagens, mental e fisicamente, seus aposentos, sua vida e sua participação e importância na obra. Algo muito marcante neste livro, e em outras obras de Oz, é o uso de referências históricas, em especial dos conflitos entre palestinos e judeus; é quando o autor dá ao leitor a possibilidade de outra visão daquela comumente imposta. 

O que acontece ao final, Shmuel termina sua tese? Como os judeus veem Jesus e Judas? Na minha humilde opinião, de leitora, esta grande narrativa também é uma grande armadilha. Leiam e me confirmem se não estou certa. 

O que precisam saber mesmo, é que ao final, Amós Oz nos salva, a todos, independente de religião ou crença.  É o que basta. Na humanidade está à salvação. Boa leitura. 

E, como diz minha mãe, Ave Oz!

Carolina Cavalcanti Bezerra

Post Scriptum: pretendo começar a assinar meus textos, por motivos óbvios, pelo menos para mim. Os demais textos deste blog foram escritos por mim também, mesmo estando assinado por Namorinho de Sofá (está também sou eu....risos)