quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Um novo tempo

Quero me aprofundar um pouquinho em alguns filmes que estão concorrendo ao Oscar este ano e que tive a chance de assistir. São eles: Me Chame pelo seu Nome, O Destino de uma Nação, A Forma da Água e Três Anúncios para um Crime. O que há em comum entre eles?

O primeiro é um pintura, uma beleza de romance homossexual, em um lugar bucólico da Itália, na década de 1980. O segundo, é um filme político, de estratégias, de um homem só tentando salvar uma nação. Na sequência temos o que parece ser um filme fantástico, com uma criatura aquática e um romance entre espécies. E por fim, uma mãe em busca de justiça pelo assassinato de sua filha adolescente. O que há em comum entre eles? 

Vamos esmiuçar mais um pouquinho. O primeiro tem como foco um amor gay, o segundo o embate entre Inglaterra e a Alemanha de Hitler, o terceiro é sobre a Guerra Fria e o lugar das minorias (negros e gays) na sociedade norte-americana, e por fim, um crime, uma adolescente violentada, morta e carbonizada. E ai, o que há em comum entre eles? Pelo meu olhar, as discriminações contra as minorias. Temos este ano filmes políticos no foco das exibições cinematográficas. E não que não mereçam, mas estarem ali, também é um ato político.

Tratar sobre tais assuntos, dar destaque, é o que temos visto recentemente nas grandes premiações de cinema, televisão e música. Mulheres lutando contra o assédio sexual e moral, baixos salários entre outros. Homens gays também falando sobre assédio. Negros e mulheres reclamando da falta de espaço e de reconhecimento!! No ano passado o número de negros entre indicados e premiados superou em muito os últimos anos, e com certeza acalmou um pouco o pessoal da linha de frente dos movimentos (considerados) minoritários.

Será que não é isso que o Oscar e outras premiações estão fazendo? Reconhecimento verdadeiro ou mais uma questão de política? O que dá para dizer - e não assisti ainda a todos os indicados - é que os filmes são excelentes, que os círculos de premiação estão de parabéns ao olhar para o cinema independente, mostrar sua existência e incentivar a exibição de filmes que não são necessariamente  super produções. Atores fantásticos nunca reconhecidos agora são favoritos (Gary Oldman e Frances McDormand), histórias já contadas são revisitadas com outro olhar (falar da Gerra Fria e preconceitos a partir de um peixão com coração humano, é bacana! não podemos negar!), o nazismo sempre dá pano para manga mesmo quando parece que já é um assunto esgotado, e mexer na ferida da ineficácia e truculência da polícia, da violência contra a mulher a partir da coragem de uma única mulher e três anúncios em uma velha estrada, é uma ótima pedida para um bom filme e boas atuações.

O que temos esse ano são filmes reflexivos. Que saibamos refletir então e que não seja apenas uma onda passageira para acalmar os sindicatos disso ou daquilo. E viva Meryl Streep que teima em não nos abandonar!!

Carolina Cavalcanti Bezerra