sexta-feira, 18 de maio de 2018

Wild Wild Country, sim...wild, wild!

Vou falar sobre Osho (Bhaghaw Shree Rajneesh) sem saber nada, a priori, dele; mas como acabei de assistir ao documentário sobre sua vida e a produção me intrigou, vou dividir com vocês algumas observações. 



Até então, de Osho só sabia de suas frases e pensamentos soltos postados na internet. Vamos lá!

Primeiro:

Wild Wild Country (EUA, 2018) é um documentário produzido pela Netflix, dividido em seis capítulos de aproximadamente uma hora cada. Conta a história da transferência do guru da Índia para os Estados Unidos da América, e uma controversa relação de amor e ódio construída por uma suposta seita que queria transformar o mundo (exagero?) em tons lilás de alegria. Uma "entidade" que atraiu milhares de pessoas para o Condado de Wasco, no Estado de Oregon, para uma filosofia de liberdade sexual, de fraternidade e de vida em comunidade. Utópico? A rapidez com que a comunidade se expandiu nos EUA em quatro anos de existência é surpreendente. Fora seus seguidores em outros locais do mundo. O documentário apresenta relações de dominação claras, há uma linha de hierarquia bem estabelecida durante o desenrolar da produção e ficamos consternados com a capacidade histérica que estes movimentos "religiosos" tem nas pessoas. Não fica claro a quantidade e a origem de tantos seguidores, mas são de todas as partes do mundo e de todas as classes sociais (sua grande maioria com dinheiro, pois quem sustentaria um guru com relógios cravejados de diamantes, Rolls Roys e armas de guerra?). 

Segundo:

Nos cinco primeiros episódios, Osho, sua comunidade e especificamente sua secretária pessoal Ma Anand Sheela, são apresentados como pessoas que querem, a qualquer custo, transformar o modo de se viver em comunidade. Não somente a alegria é apresentada como algo essencial para aquele tipo de vida, mas também a obsessão em se impor tal modo de vida. Mesmo fora de seu país, um grande pedaço de terra no Oregon é adquirido e uma cidade completa é construída. De refeitórios, casas e até um sistema de saúde completo são construídos. Assim como um sistema bancário. Todos começam a se vestir com o mesmo tom de roupa vendidos exclusivamente nas dependências da comunidade. Come-se, bebe-se e se medicam de acordo com o que a comunidade oferece. O sexo, pode ser feito às claras. O treinamento com armas, também. Em um determinado momento do documentário, Sheela que é descrita como uma sacerdotisa, diz que na comunidade não há relatos de doenças venéreas (?). No último episódio, a narrativa é controversa, porque até então todo o documentário relatava um modo de vida fanático e histérico, onde pessoas pulavam, dançavam e andavam nus, como se milhares de pessoas fizessem isso em frente às câmeras naturalmente todos os dias.

Terceiro:

Durante todo o documentário, que é americano, tem-se a impressão que algo de errado acontecia. Vemos os americanos se defendendo. Vemos uma pequena cidade perdida no tempo e no espaço, que com cerca de 90 habitantes, vai sendo desmontada, sendo desmoralizada e dominada. Nomes de ruas são trocados, surge uma polícia altamente armada e vestida de rosa que observa e ameaça aqueles pobres cidadãos que se divertiam tomando café no final do dia na única cafeteria da cidade de Antelope. Surreal para o que entendemos do grande Estados Unidos da América. Parece ter sido um caso isolado na história daquele país. Entretanto, no último episódio, a narrativa deixa em dúvida para nós espectadores de que lado está o bem e quem são os bad guys da história. Se você prestar bem atenção e não tiver se contaminado por todo o relato, a narrativa questiona se realmente aquela representação, aquele Osho (em poucos palavras, osho, significa na cultura japonesa "mestre"), existiu para trazer alegria, paz e fraternidade para os que o seguiam. 

Não vou dar spoil, vou sugerir que assistam ao documentário e tirem suas próprias conclusões. Eu não sou afeita à frases prontas, a pensamentos ilusórios de viver a vida assim ou assado para que a felicidade aconteça. Creio na ação de cada um. Não gosto de supostos Paulos Coelhos e nada que congrega mais de 10 pessoas em uma entidade me atrai. Sou avessa aos agrupamentos e sim, ao que nos ensinaram ser as seitas. Mas, não discuto a religiosidade das pessoas, apenas respeito, assim como respeito os meus pensamentos.

Repararam que não falei nada sobre Osho? Continuo não sabendo nada sobre ele. Foi um religioso ou um charlatão? Quem sou eu para julgar, não é? Mas, vale a dica de um olhar para como se propunha viver aquela comunidade. Para mim, vi em vários momentos um bando de histéricos (os seguidores), uma psicopata (Sheela) e um aproveitador (Osho). Mas, não vou julgar. Pouco sei, nada sei, menos sei ainda depois deste documentário sobre esse tal de Osho. A única coisa que tenho certeza é do poder das imagens e da construção da narrativa imagética. Mas, ai, é outra conversa!

Assistam e comentem.
Fica a dica! 
Carol Cavalcanti