quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

A arte para nos salvar

Só a arte salva!
Então, vamos lá tentar começar o ano com algumas boas notícias sobre cultura. Por onde começar? A lista do Oscar? A exposição da Björk? Os 35 anos do lançamento da Apple Macintosh e seu vídeo de divulgação baseado no livro '1984' de George Orwell? Teremos sim, uma salada cultural neste primeiro post de 'Namorinho de Sofá' em 2019.


Google Imagens
Hoje, 24 de janeiro de 2019, faz 35 anos que a Apple lançou esse computador ai ao lado. Pode parecer uma "carroça" tecnológica para a maioria das pessoas, mas esta máquina foi a primeira a disponibilizar as funcionalidades simples para o uso do computador dos dias atuais. Por exemplo, para imprimirmos um documento basta buscarmos a imagem da impressora em nossa Área de Trabalho ou digitarmos Ctrl+P. Certo? Antigamente, nada disso era simples e os computadores só eram manuseados por experts e seus códigos incompreensíveis. Mas, o que nos interessa mesmo é o comercial de lançamento da Apple.

Para quem não conhece, é curto, mas objetivo e muito atual, seja para o ano de 1984 ou para 2019.


O comercial considerado caro para à época foi dirigido por nada mais nada menos que Ridlley Scott, diretor de filmes futuristas como Balde Runner (1982). Cem por cento baseado na obra de Orwell, não vemos a máquina em nenhum momento, mas somos levados a acreditar que algo irá transformar nossas vidas. Em determinado momento, o 'Grande Irmão' (para mim, parece o Foucault mais velho falando falando e falando) conduz o discurso afirmando ser essa a arma mais poderosa do que qualquer outra existente na face da Terra que transformará nossas vidas. O vídeo termina afirmando: "e você verá porque 1984 não será como '1984'?". 

Muitos dizem que o lançamento marca no tempo, o que conhecemos no mundo acadêmico como o início da Terceira Revolução Tecnológica, especialmente devido a questão técnica. Mas, o que dizer sobre nós usuários? O que nos tornamos após esse momento? Digo isso porque após esse lançamento, muito se revolucionou no mundo tecnológico, a ponto dos computadores e outros acessórios e ferramentas tornarem-se de acesso a toda à população a custos mais baixos. Como nos tornamos dependentes desse universo? É só retornarmos ao vídeo e observarmos as pessoas atentas à mensagem. Estáticas, vidradas, em coma. Não somos assim hoje com as redes sociais, por exemplo? Acreditamos em tudo, falamos o que nos é de desejo? Bom. Deixo aqui a reflexão e reafirmo a atualidade do vídeo e por que não, de Sir George Orwell. Já o comercial em si, uma verdadeira obra de arte revolucionária para um longínquo 1984.

Google Imagens
Mudando totalmente à prosa, vamos para a exposição "Björk Digital" que estreará no Brasil em junho, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo. A Björk, para quem não sabe é uma cantora e compositora islandesa, multi premiada e com um som que não é para qualquer gosto. É do tipo "ama ou odeia". Eu sou do tipo AMO! Nessa nova empreitada, a exposição usa realidade virtual em 360º para apresentar as músicas do seu oitavo álbum, Vulnicura. 



A exposição já esteve nas mais variadas capitais culturais do mundo, como Lisboa, Nova Iorque e Barcelona. Para os amantes da artista, um som para rememorar o belíssimo filme estrelado por ela, Dançando no Escuro (2000). Quem canta é a própria Björk.


Para terminar, destaco aqui os maiores concorrentes ao Oscar no ano de 2019. Com 10 indicações temos duas produções bem distintas. Uma, é o filme Roma (2018) do diretor mexicano Alfonso Cuarón, primeiro filme de uma plataforma streaming a ser indicado e forte candidato em algumas categorias. O filme conta a história de uma doméstica de origem indígena, na cidade do México, que trabalha para uma família de classe média. Todas as relações de opressão e amor são destacadas pelo diretor, que homenageia a sua própria funcionária, que cuidou dele desde os nove meses de vida. Para mim, uma pérola cinematográfica que golpeia nosso estômago a todo momento (o filme machuca muito os sensíveis). Filmado em preto e branco, o filme também não é falado em inglês, o que o torna único enquanto concorrente ao Oscar. Não sei se vai levar nas categorias principais, o que para mim seria uma injustiça, mas suas, por enquanto 142 indicações a prêmios em inúmeros festivais e seus até o momento 132 prêmios, já dizem muito deste filme.

O segundo concorrente é o filme A Favorita (2018), um drama que estreia hoje no Brasil e conta a história de duas mulheres que lutam para serem escolhidas, pela rainha Anne da Inglaterra, como a principal acompanhante da mesma. É um filme de época com grandes atuações dirigidas pelo grego Yorgos Lanthimos (diretor do filme A Lagosta, que eu não vi, mas sei que tem na Netflix e vou assistir para conhecê-lo)

Como não posso falar muito do filme, apesar de ter certeza que em categorias técnicas o mesmo pode se dar bem (como Figurino e Maquiagem, p. ex.), convido-os para juntos assistirmos aos trailer oficial e legendado da obra.



- Em Campina Grande também vai passar? 
- Não, provavelmente não. Aqui só filmes comerciais, infanto juvenis e dublados.
- Hum...
(Volto para me desculpar se a rede Cinesercla fizer esse favorzinho para nós)

"Temos a arte para não morrer da verdade", nos disse sabiamente Nietzsche. Então, não abandonemos a arte em nossas vidas.


Fica a dica!
Carol Cavalcanti