Riscos

De autores pouco conhecidos, nossos amigos e amigas, nosso autores pouco famosos, mas que amamos ler. Agora seus textos são nossos textos.

FUSÃO - Aimée (Ouvindo a trilha do filme As Horas)

A minha casa é feita de pedra,lua,quadros e alguns objetos,
Todos contêm parte de minha história.
Minha casa é toda dividida em
Vida e morte,
Morte e vida,
Vida em morte,
Morte em vida..
A casa também é o que não se vê:
Esconde-se em cada tijolo um segredo, algumas ilusões com portas e janelas semiabertas.
Esta casa me assusta,mas gosto de sabê-la.
Lá também existe
Morte e vida,
Vida e morte,
Morte em vida,
Vida em morte.

NÃO SOU CEGO,
MAS PRECISO ME GUIAR.
BOCA ABERTA, FALA DEMAIS!
MADURO NÃO QUER DIZER VELHO1
ANDAR A PÉ CANSA,
ANDAR DE CARRO DÁ SONO!
A BARRIGA CANTA,
QUANDO A FOME BATE!
PRETO É LUTO,
A BURGA É PRETA, SIGNIFICA OPRESSÃO.
OCULOS PARA SE VER MELHOR POR DENTRO.
MAS, SÓ SE VER MELHOR COM ANALISE.

Munick / julho / 2012

José Andrade



Símile do silêncio
Não sou dado ao pronome de posse
se a loucura diagnosticada azul
é resolvida em palavra aberta.
Palavrador da palavra não colorida,
que a pausa palavra autossuficiente
nas brechas do som contínuo.
Já no eco da palavra, persiste
a resvalada de um diapasão perdido
latente aos escritórios das repetições.
Salvo a letra comedida dissonante,
eis a falência da palavra embrutecida
na ideia fixa da construção gratuita,
para a orquestra emudecida da loucura
remeter aos confins laboratoriais
a erudição barata histérica maldita.
Então, epifanias disléxicas 
deslizarão de melodias 
periféricas à razão,
porque traço ímpeto novo 
na fé na ciência da palavra 
pedrada na palavra.
No azul sintético do inconsciente pianíssimo,
uma sonata de surdos-mudos resiste 
num degradée de intervalos...
(Ricardo Soares, 2000)



Tesouro do Amor
O que arde em minhas veias é o desejo de te amar e ser feliz.
No meu intimo encontra-se uma arca que guardo como fosse uma arca de argila e que não permito que quebrem.
Dai você me diz: Quebra!
E eu te digo: Jamais!
São sentimentos e lembranças de memoráveis momentos que transporto diariamente, porém existe um único e inigualável tesouro (sentimento) precioso nesta arca e este chama-se Amor.
Arde em mim às experiências do Amor verdadeiro, apaixonante e belo, fonte inesgotável que sacia a sede não só minha como também da pessoa amada.
Zelarei todos os dias e multiplicarei o tesouro que me foi confiado.
João Paulo
19/12/12




Interessante ter um poema lindamente profano, segundo a autor baseado numa "filosofia também profana" de minha autoria.





Com a permissão do Poeta:

Para Divanira Arcoverde e Fidélia Cassandra de Rangel Jr.

Muito sutis

Mas inspirados
Pingos de chuva
Bem salteados
Ensaiam festa
Quase seresta
Pelos telhados.

Um dia de êxito e muita luz pra vocês. Que o chão molhado da Rainha da Borborema possa fazer brotar sonhos, poemas e bom senso a todos de boa vontade.

Paz!
Em 05 de dezembro de 2012.


Sem Amarras


Deixo pra trás a velha vida cheia de vícios e desilusões, 
onde me acorrentava e me aprisionava, 
agora quebrei as amarras que me prendiam e 
deixo-as para trás em um passado distante.
Busco um mundo onde a única corrente é o Amor, 
se é que o Amor seja uma corrente. 
Prefiro acreditar que o Amor é Liberdade, 
e é nesse amor que tudo se constrói sem ilusões.
Dizem que o Amor é cego, 
cego que nada! 
O Amor enxerga muito bem
e ele é capaz de ver até muito além daquilo que me cega.
Enfim, ele é o único que me aponta mudanças.
Amor, 
Amor 
sem fim.
João Paulo S. de Souza (2012)


Lala Medeiros,1997

















      




Uma forma linda de me chamar para conversa!
Lala estás aí?

"Quero conversa
Uma visita amorosa
Acolhe a mulher
Que sorrí animosa

Quero conversa
Voz cheirando a jasmim
Clareia o dia
E brilha o sol em mim

Quero conversa
Feito chuva copiosa
Derramam-se palavras
Brota planta viçosa

Quero conversa..."
(Adília Uchôa)




[José Andrade, 2012]
 
[José Andrade, 2012]

Noturnamente:
Quero pela manhã
(numa medida contida)
sentir outro acorde, sem suprimir
o que não pode da própria manhã
evitar o corte, o risco, a morte.

Reportando íntegra a vida
àquela alma infante
de Schönberg
Debussy
a Chopin.


Sem o suplício de fremir,
a sorte do compasso envolve; o fosso
do intervalo revela: Ser a impressão
que refaz o movimento incerto
da sorte que me espera.

(Sem saber o que sela
nas manhãs de silêncio
que relembro de mim,
ao ouvir Debussy)


Da parte desdita
do corpo que desvendo,
transfigurar a noite
na linha do tempo
amanhecendo na partitura
a instante palavra querendo,
já sendo em parte
o que se pede não sendo.

Montanhas-russas
de somente estranheza,
prepara o gozo de agouro
em serpes; teu grito em nonários
repete: experimenta o dentro
o fora e o breve!


Prolongada a dor de surda
beleza, fustigam-se tímpanos
címbalos e saltérios:

São manada de cornos
aboiando o mistério e plumagem
de anjos zurzindo o ocaso.


São silfos e trons de apito
e pancada; são precipícios venéreos
de volumes empedernidos.

Tuba canora ou gaita agreste,
de novo, agora, pra sempre
revele e, cuidadosamente – a nódoa,
o traço, a letra –, encerre
na curva da estranha melodia
de Schömberg.

[R.S.]
ICEBERG [R.S., 2012]
 
Quando partiste
o coração jamais sossegou novamente
depois disso


Tua ida de céu e mar
cobriu o olhar
de azul somente
que respiro agora

Um preenchimento inane
de solidão azul
apoderou-se dessa montanha
de gelo flutuante
depois disso

Na noite em que tudo gelou
partiu-se a massa pálida no mar
onde azul é tudo depois de mim

Apenas céu
depois disso
e mar

Agora navego
até a última gota compulsiva
perder-se na azulidão
depois de tudo

No temporal do mar que é certo
num ímpeto azul de súbito
o contraponto do cárcere
é alimento de sua revolta própria
Nas águas dessa tempestade só minha
ou nos ventos desse ímpeto meu
se há mar em mim e céu depois disso
é porque não sou sobra no azul que já significo.


BOBAGENZINHAS [Fidélia Cassandra]

Amorzinho, amantinha,
Amadinha, amormeuzinho
beijei-te a flor!
E dias e dias,
minha boca tem gosto de tu,
flor!
Rosa rosa
minhavermelhinha
rosacheirosinha
Rosa, flor, botão
de moça bonita.

João Pessoa, 05 de outubro de 2012.

Carta a amizade

Caros Amigos

A vida nos reserva surpresas que nem sempre queremos!
Na verdade, alguns acontecimentos não são surpresas, pois, desde que tomamos consciência da nossa existência, sabemos que eles, alguns acontecimentos, já estão destinados a serem cumpridos independentes da nossa vontade, pois, todos nós seres humanos temos que nascer, viver e morrer.
Sabemos que nascemos, que temos um código de validade e que nunca queremos que ele chegue ao final, mas ele chega!
É fato consumado!
E é neste momento que percebemos outros códigos de validade que parecem que não se acabam, na verdade, eles se renovam na dor. Falo do código de validade da AMIZADE. Este código na dor ganha uma dimensão tão grande que chegamos até a nos perguntar como ele se solidificou, o que fizemos para estarmos tão juntos numa dor que é só de uma pessoa ou de algumas naquele momento. E descobrimos que a dor da morte é universal, que ela nos separa fisicamente de quem gostamos, amamos e nos une mais ainda em espírito com quem partiu.
E por mais contraditório que possa parecer naquele momento, a mesma dor nos une física e emocionalmente aos seres terrenos.
Ao se descobrir o código de validade da amizade, percebe-se também que não só as atitudes solidificam o elo da amizade, mas, os gestos, um abraço, um olhar, uma lagrima que teima em cair, aquele alguém que nunca demonstrou sua amizade, nesta hora se transforma, é atingido pela emoção da dor e se descobre que na verdade ele também tem o código de validade da amizade, se transforma num super amigo, se doando, estando presente.
E os que demonstravam amizade, estes parecem que se transformam em rochas gigantes inabaláveis com a força e a segurança que passa.
Acredito que a vida está sempre a nos ensinar e se já sabia, hoje asseguro com toda consciência que o legado da AMIZADE me fortaleceu e esta me fortalecendo, possibilitando-me atravessar essa tempestade existencial.
Agradeço a todos que compartilharam com a minha dor e a minha perda, dando-me força através de orações, palavras, gestos, abraços, etc.
Digo hoje que me sinto importante por vocês todos, cada uma ao seu modo, existirem, fazerem parte da minha vida e, principalmente, ter todos vocês como amigos.
Obrigado por tudo!
(José Andrade, 28/05/2012)


Descoberta  

                                Desde ontem não durmo, não falo
                                Não saio de casa
                                Nem minto

                                Desde ontem não bebo
                                Não fumo
                                Não chego atrasado
                                Nem brinco
                                Descobri que meus vícios não fazem sentido
                           
                                O circo, os pães, o círio 
                                Todo esse reboliço 
                                Serve só pra disfarçar
                                A fome de tantos bichos
                                Que dançam em palcos privados
                                À sombra de um poste apagado
                                Na espera de serem vendidos

                                Como são as borboletas
                                Criadas em cativeiro
                                Vendidas a preço de ouro
                                A mais uma lua de mel
                                Curta como o desfastio
                                Das as horas de confessionário
                                Sobre as camas de alvenaria
                                Sob um teto de aluguel

                                Descobri a esterilidade dos domingos
                                Plantada no dia após dia
                                E que os grandes versos morreram com seus autores
                                Nos restando, apenas, esse apego pelo passado
                                E esta máscara chamada sorriso
                                Que agora não faz sentido algum

                                Descobri que os palhaços também choram.
                                E que as putas, como as virgens,
                                Esperam, comendo os minutos,
                                O sonhado instante de sentir prazer
                                Suplicando com voz de mulher
                                Pra romper de uma vez seus casulos
                                Mostrando-lhes um novo mundo
                                Se é que existe tal mundo
                                Mais sincero de viver.                                                        
                                        Hugo César (30/07/2012)

7 comentários:

  1. Belíssimo recorte de 'Sombras'.

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  2. Adorei divagar pelo ciber espaço para o prazer da leitura imagética e das letras...Parabéns ao(s) Idealizador(es)!

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  3. Seja bem vinda Roberta. Aguardamos suas colaborações e sugestões.

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  4. Na espontaneidade da conversa surgem as mais belas ações!

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  5. Comentário do autor de Símile do silêncio:

    "Trata-se de um metapoema de uma livro de poesia que não foi publicado, mas ganhou o primeiro lugar na Academia Pernambucana de Letras (APL), em 2001. Os poemas que você já conhecia também são desse mesmo livro, intitulado 'O Romance Interdito'" (R.S.).

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  6. Ricardo precisa publicar livros de poesia.Muito bom

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