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R.C. têm 21 capítulos curtos, linguagem simples que lembra muito a escrita de um diário, mas que aos pouquinhos vão evoluindo, a cada novo drama, e se aproximando do que a literatura conhece como "conto", ou seja, uma escrita breve focada em um assunto, com poucos personagens e um tempo determinado.
Neste livro a autora vai falar de si, vai expurgar em linhas e mais linhas, algo que lhe marcou para o resto da vida. Mas, para chegar até o drama que conduz sua narrativa, a mesma nos conta um pouco da sua trajetória como uma garota do interior da Paraíba. A conquista da universidade pública, a necessidade de trabalhar para ajudar em casa, mas também para ter independência, além das amizades e romances que lhe acompanharam no período que a história é contada. Para mim, esta é a parte mais frágil da escrita e para uma nova edição merece uma boa revisão, em todos os sentidos. Agregar (juntar) os capítulos seria algo interessante para dar mais consistência à escrita, talvez, deixando de lado, tantos vícios de linguagem e regionalismos desnecessários (se repetem muito).
Por outro lado, quando a autora foca a escrita na sua rota de colisão, a escrita se fortalece, flui. Creio que não poderia ser diferente, a evolução da escritora Vitoria Maria e também da personagem Milla.
Por todo livro destaca-se sua habilidade descritiva das pessoas - Alice, com seus olhos negros de quem não deixa passar nada" -, dos espaços e dos acontecimentos. Também são bem construídos os diálogos. São tão ágeis a ponto de nos sentirmos parte deles, enquanto leitores.
A narrativa é um desabafo. O assunto extremamente atual. A coragem da autora, do meu ponto de vista, é o que a tornará uma grande escritora, caso isso seja de seu desejo. Para muitas, Vitória Maria será uma inspiração como mulher, algo que ela deve se orgulhar.
Enfim, a leitura da obra é enriquecedora para os que estão iniciando a vida de escritor e dando as primeiras tecladas. Para mim, as recordações foram das primeiras escritas na máquina de datilografia e dos vários diários que escrevi e depois rasguei com o passar dos anos.
Ah... como os dramas adolescentes são parecidos, não importa onde vivemos, as rotas de colisão são muito parecidas. Sobre a história do livro....sim, sim, sei que não falei quase nada. Vocês terão que ler a obra e tirarem suas próprias conclusões. Certo?
Bom, para fechar, não fiz aqui o papel de crítica literária, apesar de em alguns momentos parecer que estou "pegando no pé" da escrita. Aqui, faço parte do sonho de Vitória Maria divulgando sua obra e mais especialmente, a escritora. Em tempos de pouca leitura, de livrarias fechando, faço aqui a minha parte para que os livros nunca acabem! Boa leitura.
Fica a dica!
Carol Cavalcanti
Rota de Colisão
Ano: 2017
Editora PoD - Rio de Janeiro
Editora PoD - Rio de Janeiro