domingo, 14 de abril de 2019

'Coisa mais Linda': por qual ótica devemos enxergar?

Se você não assisitiu ainda ao seriado 'Coisa Mais Linda', da Netflix, corra. Assista independente de qualquer coisa que seja dita aqui. Lembre-se sempre que gosto cinematográfico (ou nesse caso, de séries), cada um tem o seu.

Resumo: são 7 capítulos ambientados no Rio de Janeiro, tendo, incialmente, Maria Luiza (uma "caipira" de São Paulo) como protagonista. A filha de um rico fazendeiro tem o sonho de viver de música na Cidade Maravilhosa. E, ao ir em busca de seu marido, se depara com uma realidade totalmente inesperada, além de condições para sobreviver diferentes das que tinha ou esperava. Isso tudo e todos os demais dramas são conduzidos por uma bela trilha sonora de muita MPB e Jazz. 

Mara Luiza encontra mais três mulheres - Adélia, Tereza e Lígia - que estão em momentos de vida distintos, mas que vão mudar sua vida, mas também trarão consigo uma série de conflitos: a discriminação com o negro, o machismo, a homossexualidade, a violência contra a mulher e o descaso com que as mesmas são tratadas pela sociedade. Inclusive por ourtas mulheres, satisfeitas com seu papel de mulher e mãe submissas. 

Esse é o viés do seriado. Ele é atualmente político. Eu digo "atualmente" porque essas coisas acontecem desde que o mundo é mundo e que Cabral redescobriu o Brasil, só que hoje estão mais em voga, na boca o povo, nas redes sociais, no noticiário. Então seus diretores (são vários) aproveitam para tocar na feriada com força e talvez, vejam bem, talvez, nem todo mundo goste de ver por esse prisma do "politicamente correto". Mas, é uma ferida que não deve ser estancada e sim, discutida.

A mulher é vista no seriado como objeto incapaz de ter seu próprio negócio e ser desquitada é coisa de puta. Mudou alguma coisa? Claro que a sociedade evoluiu, não estou dizendo ao contrário. Hoje ser mãe solteira não é mais um bicho de sete cabeças, mas a violência física e emocial que as mulheres sofrem em pleno século 21 tem retornado e de formas que não imaginávamos mais presenciar. Por isso dói tanto ver mulheres serem violentadas e agredidas no seriado. Porque ainda acontece e porque ainda nos machuca MUITO.

Sobre o ser negro, NOSSA (!), como somos preconceituosos. O seriado retrata uma época em que existiam (quando funcionavam) elevadores sociais e para empregados. E nada de querer usar o dos patrões. Os tempos mudaram. Ou não. Recentemente nas redes sociais viralizou um vídeo de um senhor negro que ajudou (ou serviu?) uma mulher branca atravessar um enxurrada de água no mesmo Rio de Janeiro, que trouxe à tona novamente tal discussão. O lugar do negro na sociedade brasileira.  

Sobre estar casada ou querer viver seus sonhos, o seriado mostra a mulher no mundo do trabalho marginalizada, vista como um pedaço de carne a ser consumido pelo mundo masculino. E se não aceitasse...



São essas e muitas outras questões que este primeiro ano da série retrata. O lugar da mulher brasileira no século XX. Para refletirmos. Enquanto série, não posso deixar de louvar a qualidade da mesma em todos os aspectos. Bela fotografia, uma cuidadosa direção de artes, cenários e de figurinos. Grandes atuações. Um roteiro que às vezes parece ridículo, mas que na verdade representa aquilo que muitas de nossas mães e avós viveram e sofreram, e que podem parecer ridículas, mas são na verdade, retrato de uma realidade passada quem vem retornando, em tempos difícies para todos. Mas, sempre, mais difícies para nós mulheres.

Fica a dica!
Carol Cavalcanti

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Musical 'Queen Experience in Concert'. Vale (muito) o valor do ingresso.


Nesse final de semana (06/04) o Teatro da Facisa oportunizou aos cidadãos de Campina Grande (PB) uma experiência memorável, que reviveu os belos anos de existência do grupo inglês Queen (formação original, com o cantor Freddie Mercury). O musical Queen Experience In Concertprodução brasileira, mescla três estilos musicais, ao valer-se de parte de uma orquestra sinfônica, de integrantes de uma banda de rock e da mixagem de som (arranjos eletrônicos), para relembrar os grandes sucessos da banda. É de arrepiar!



A regência do espetáculo fica a cargo do maestro Eduardo Pereira, que já participou, dentre outros, dos espetáculos ‘Chaplin, o Musical’, ‘Bravo Pavarotti’, ‘A Bela e a Fera’ e ‘A Bela Adormecida’.  O espetáculo que dura mais ou menos uma hora e meia, tem como protagonista o cantor André Abreu, que utiliza-se perfeitamente da potencialidade e energia de seu corpo para interpretar os movimentos característicos do Freddie Mercury que conhecemos. Para quem conhecia a banda, foram momentos de pura nostalgia aplaudida de pé pela plateia que lotou a casa da Facisa.


São cerca de 30 pessoas participando da produção que tem agenda fechada para todo o mês de abril . Vale destacar, com muita ênfase, que o espetáculo não recebe nenhum tipo de incentivo fiscal, mas vive de casa lotada, inclusive fora do Brasil.

Namorinho de Sofá indica essa produção como uma das mais reveladoras e corajosas dos últimos tempos em palcos nacionais. Se passar por sua cidade, não deixe de conferir.

Para os interessados em contratar o espetáculo seguem as informações:

Facebook: https://www.facebook.com/queenexperienceinconcert/
Contato: (11) 99354-3131

Boa música, excelentes direção, caracterização e regência. Muita emoção para os fãs que tem pelos menos 40 anos. Sim, e para os mais novos que gostam de boa música.

Fica a dica!
Carol Cavalcanti
Fotos e vídeos de Marlem Moreira




quinta-feira, 4 de abril de 2019

A vida imita a arte. Ou seria ao contrário?

Homenagem feita aos alunos de Suzano (SP), no muro da Escola Raul Brasil.
Fonte: Google.
No último dia 13 de março, a Escola Estadual Raul Brasil, na cidade de Suzano (SP), foi atacada por dois ex-alunos com tiros de metralhadora, ataques com machados e tentativas de tiros com arco e flecha. A invasão e a morte de sete alunos deixou a comunidade local aterrorizada e todo o mundo chocado. Esse tipo de ato violento não é muito comum por terras brasileiras. A única chacina de que temos conhecimento aconteceu em 2011, no bairro de Realengo, no município do Rio de Janeiro (RJ), quando também um ex-aluno invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira e matou ao todo 12 pessoas, cometendo suicídio na sequência.

Este post vai relembrar alguns filmes que retrataram acontecimentos semelhantes, em escolas ou outros espaços comuns, que contavam com a presença de inocentes que acabaram sendo mortos.

O mais famoso é filme do diretor Gus Van Sant, Elefante (2003) que retrata algo semelhante ao ocorrido nas escolas mencionadas acima. O filme conta a história de dois adolescentes que aguardam a chegada de metralhadoras semiautomáticas para cometerem o atentado em uma escola. 




O filme, à época, chocou o público pela coragem de tratar de tema tão delicado. Pela ousadia e ao mesmo tempo pela delicadeza, o diretor ganhou três prêmios no Festival de Cinema de Cannes, um deles a Palma de Ouro. Para mim um roteiro arrebatador, com uma direção firme e belas atuações.

Outro filme lançado um ano antes (2002), recria a tragédia mais famosa ocorrida dentro de uma escola norte americana, o massacre na escola Columbine. O filme Zero Day, dirigido por Ben Coccio, também multi premiado, choca pelo uso da linguagem em relato dos autores do crime, ao descrever as motivações e as sensações envolvidas na decisão de atentar contra a vida de centenas de alunos. As aparições são muitas vezes sarcásticas e chocam pela crueldade no uso das palavras.






Outro filme que tem como base os acontecimentos de Columbine é April Shower (2009), que narra a partir de uma sobrevivente, o retorno à escola e a tentativa de se levar uma vida normal após a morte de vários alunos. Esse drama é o menos famoso das três obras e tem uma pegada mais sentimental que o normal, de drama mesmo.

Na pesquisa sobre filmes com a temática ainda encontrei Manhã Sangrenta (2002), Duck! The Carbine High Massacre (1999), Tarde Demais (2010), Bang, Bang! Você Morreu! (2002) e Sem Medo de Morrer (2007).


Filmes para reflexão sobre maus tratos na escola, ausência familiar na criação dos filhos e bullying. Muita coisa pode explicar, mas nunca justificar.

Fica a dica!
Carol Cavalcanti