sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Se estiver em Paris, visite, compre, ajude a Shakespeare and Company

Em 1951, em Paris na França, foi inaugurada a livraria Le Mistral, pelo norte-americano Georges Whitman. A famosa livraria fica em frente à Catedral Notre Dame (37 rue de la Bûcherie 75005 Parisonde anteriormente esteve instalado um monastério do século XVI. No 400º aniversário de William Shakespeare, seu nome é modificado para Shakespeare and Company, em homenagem a outra livraria de mesmo nome fundada em 1920 por Sylvia Beach.

Imagem da internet

Se você fizer uma breve pesquisa sobre o local, vai encontrar alguns motivos para ao visitar Paris passar pelo espaço que tem paredes cobertas por estantes de livros empoeirados e já teve nomes renomados da literatura como clientes. Ezra Pound, Hemingway e Scott Fitzgerald, são alguns dos escritores que dormiram em camas espalhadas pelas dependências da livraria e participavam de saraus literários durante às noites parisienses.

Ainda é possível alugar uma cama e passar algumas noites por lá. As regras são simples: ler um livro por dia, ser voluntário na arrumação durante a estadia e deixar registrado sua biografia de passagem com apenas uma folha de redação. Hahahahaha! Interessante. 

Se você não é muito chegado em leitura e sim em filmes, o espaço já foi cenário para Meia Noite em Paris (Woody Alllen), Julie & Julia (Nora Ephron) e Antes do Pôr-do-Sol (Richard Linklater).


Imagem da internet
Além disso, o espaço tem um sebo onde você é convidado a garimpar alguma raridade. Mas, vá com o bolso cheio, porque os valores são salgados, como podemos verificar no valor dessa edição de O Pequeno Príncipe.

Desde 2015 o espaço cresceu e incorporou um café deixando o lugar mais charmoso. E, por fim, mas não menos importante, ao comprar um livro você tem a opção de o carimbar com uma das marcas mais famosas entre as livrarias do mundo.

O espaço que apenas fechou por um curto período de tempo com um momento de ascensão do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial (loja de 1920), agora, com a pandemia, corre o risco de encerrar suas atividades. Com a baixa procura devido ao isolamento social e as limitações turísticas impostas pelo país,  Shakespeare and Company vem buscando auxílio junto ao governo e aos seus clientes mais presentes. 

Mas, os tempos são difíceis, já que uma segunda onda da COVID-19 bate à porta da Europa e deve trazer mais restrições; além do comércio de livros digitais e de suas vendas por esse meio que vem ao longo dos anos acabando com umas das profissões mais charmosas (a do livreiro) e com espaços de convivência, aprendizado e trocas de experiências. Quem nunca sonhou em ter uma livraria pequena, servir café para seus frequentadores e conversar sobre lançamentos ou antigas obras? Nem todo mundo, claro, mas muitos que amam ler e amam os livros. Eu conheço alguns.

Se estiver em Paris, visite, compre, ajude a Shakespeare and Company. Se conhecer alguém que vá ou more por lá, ajude divulgando. Vamos fazer nossa parte para que mais um patrimônio cultural não se perca.

Fica a dica!
Carol Cavalcanti

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Por que vale a pena assistir à serie "A Penúltima Palavra" da Netflix?


No dia 17/09 às 19:43 horas recebi uma mensagem de WhatsApp de uma amiga lá de Paulínia, São Paulo. Vou dividir com vocês:

- Oi KaKá! Boa noite!! Estreia hoje na Netflix a minissérie A Penúltima Palavra, que a minha sobrinha Iraí Amana trabalhou como Assistente de Direção de Arte.

Nesse momento imagino-a refletindo e até falando sozinha pela casa... "você lembra dela, ainda pequenininha?" "olha no que ela se transformou!". 

Titia orgulhosa! Continua...

- Ela fez Artes Plásticas na Unicamp e está em Berlim há, pelo menos, 5 anos, onde está prestes a concluir o mestrado. Vem trabalhando bastante em vários projetos!

Na sequência chega o trailer da série que assisto gosto e prometo divulgar. Divulgo nos grupos de mensagens e com pessoas específicas, pois é uma série alemã e nem todo mundo gosta de se aventurar no diferente (e no idioma), preferindo às convenções imagéticas, de atuação e roteiro. Resolvo então  que irei assistir no final de semana, mas não resisto e antes de dormir assisto dois episódios. 

Antes de falar sobre a série, os detalhes técnicos são os seguintes: série alemã, falado em alemão, lançada em streaming em 2020, 6 episódios com cerca de 40 minutos, humor europeu, comovente, diferente, inteligente, com belas atuações e claro, os detalhes técnicos e visuais que compõem a narrativa são muito bem elaborados - sim, estou dando uma força para a assistente de direção de arte. 

Sobre a trama

Um casal alemão como outro qualquer comemora bodas com os amigos quando algo inusitado acontece: o marido de Karla Fazius morre. De início, a tristeza reúne a viúva, sua mãe à beira da morte, um filho adolescente que se torna ainda mais introspectivo e uma filha ausente que retorna ao lar, para descobrir que nem tudo era como parecia transparecer naquela pseudo família perfeita. 


O primeiro episódio não diz muito do caminho que a história irá tomar e só após assistir ao segundo capítulo que você percebe que Karla irá lutar contra sua dor e perda convivendo diariamente com a morte ("à morte ninguém escapa/nem o rei, nem o papa/mas escapo eu [...]"). Nesse momento outro núcleo familiar, o dos agentes funerários, entra na história para apresentar um outro lado da morte.

A partir daqui os diálogos ficam mais aligeirados, há certa ironia (humor negro?) nas atitudes da viúva e surge uma tensão. Como cada uma das personagens lida com a morte? Karla resolve ser oradora de velórios e vai entrar em contato com as famílias dos falecidos, com suas histórias e propor despedidas mais alegres, celebrativas. Mas, nem tudo que ela planeja... em alguns momentos vemos velórios engraçados e em outros despedidas agressivas. Todos se transformam.

A cada episódio a família vai lidando com novos sentimentos e descobrindo novas relações, até mesmo com aqueles que já se foram. O diferencial dessa série é justamente sua temática: a morte. A partir dela, obviamente, outros assuntos e discussões vão se desenvolvendo de forma muito auspiciosa. E eu só poderia usar essa palavra para falar de uma produção europeia; que opta por falar de relações humanas tomando como ponto de partida algo tão doloroso para a sociedade ocidental.

Bom, se minhas palavras anteriores não bastarem, assistiam pela atriz Anke Engelke que está interessantíssima; assim como todos os demais do elenco. E se ainda não estiver convencido, assista pela direção de arte. Porque eu maratonei no mesmo final de semana e minha atenção primária ficou totalmente voltada para à questão.


E posso dizer, com certeza, que se o que entendo por atribuição de um diretor e de uma assistente de direção de arte é o que vemos em A Penúltima Palavra, o trabalho foi muito bem feito, com muito comprometimento. 

Detalhista ao extremo, em certos momentos são tantos objetos, cores e espaços que percebemos o quanto essa função bem exercida é importante para o sucesso de uma produção audiovisual. 


Vou torcer para uma segunda temporada porque eu não gosto de ficar na caixinha da convencionalidade. E espero que tenham gostado da dica e assistam à produção!

Mensagem de hoje cedo:

- Adorei KaKá!! Eu que te dei uma informação errada... o tempo passa tão rápido que ela já defendeu o mestrado há 3 anos ... Hj ela trabalha lá!!

Ah....o tempo....

Fica à dica!

Carol Cavalcanti 

terça-feira, 28 de julho de 2020

Morre Olivia De Havilland: nem sempre boazinha, mas sempre na luta!




Pois é...uma das últimas estrelas do cinema morreu no domingo passado (26) aos 104 anos de vida em Paris. Com sua tripla nacionalidade (britânica, norte-americana e francesa), tendo nascido no Japão (1916) e atuado em 61 produções (creditados em sua biografia entre filmes, séries e mini-séries para à TV), ganhou dois Oscars e ainda recebeu mais duas indicações. Olivia de Havilland, lembrada pela boazinha Melaine Hamilton Wilkes de ...E o Vento Levou (1939) era uma mulher à frente de seu tempo.

Google imagens.
Olivia foi a primeira mulher a entrar na justiça contra um grande estúdio de cinema, que mantinha suas atrizes "amarradas" em contratos eternos e com baixa remuneração. Ela ganhou! Mas, acabou sem atuar por três anos, uma punição infeliz que só afastou a atriz de excelentes trabalhos e de seus espectadores. Mais um vez ela deu a volta por cima!

Em 1965, foi a primeira mulher a presidir o júri do Festival de Cannes. A atriz também era conhecida pela sua luta em defesa dos direitos de atores e atrizes e foi considerada em 1999, uma das 500 lendas do cinema, pelo American Film Institute. Recebeu em 1960 uma estrela na Calçada da Fama em Hollywood, em 2008 recebeu de George W. Bush, então Presidente dos Estados Unidos da América, a Medalha Nacional das Artes, a Ordem Nacional da Legião de Honra veio no ano de 2010 pelas mãos do então Presidente da França, Nicolas Sarkozy e talvez sua maior honraria tenha sido recebida das mãos da Rainha Elizabeth II, quando foi condecorada com o título de Dama do Império Britânico, aos 101 anos de idade, no ano de 2017.

Olivia é conhecida pela sua parceria duradoura no cinema com Erroll Flynn, com quem fez oito filmes. Mas, seu filme mais lembrado é mesmo ....E o vento Levou, de 1939, onde representa uma mulher frágil e bondosa que tem como objetivo manter sua família unida em plena guerra civil norte-americana. Não há como não se afeiçoar à Melaine e ter raiva, em vários momentos, de Scarlett O'Hara.

"Eu diria que Melanie foi a pessoa que eu gostaria de ser... mas também a pessoa que eu nunca consegui ser" (O. H.)

Parceria com E. Flynn (fonte IMDB.com):


O Capitão Blood (1935);
A carga da brigada ligeira (1936);
As aventuras de Robin Hood (1938);
Amando sem saber (1938);
Dodge City (1939);
Meu reino por um amor ( 1939);
A estrada de Santa Fé (, 1940);
O intrépido general Custer (1941), o último filme da parceria Flynn/De Havilland.

A última honraria recebida foi em 2018, quando em 12 de maio recebeu mais um doutorado honoris causa, agora da Universidade de Mills, na Califórnia, onde começou os estudos largando para seguir, em 1934,  a carreira de atriz em Hollywood.

Google imagens





Olivia De Havilland era a única atriz ainda viva de Gone with the Wind, filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, perdido para a primeira atriz negra na história a receber à premiação.






Sua última aparição nas telas foi no telefilme, em 1988, O Maior Romance do Século ou A Mulher que ele AmouEm 2004, participou do documentário Melanie Remembers: Reflections by Olivia de Havilland que comemorava os 65 anos de ...E o Vento Levou. Ainda fez algumas aparições em festivais até 2011 e faleceu de causas naturais, dormindo em sua cama.

Uma grande atriz.

Namorinho de Sofá
(Carol Cavalcanti)